Dados do Trabalho


Título

GOSSYPIBOMA SIMULANDO NEOPLASIA

Descrição do caso

Introdução: Gossypiboma refere-se a um material inabsorvível deixado acidentalmente dentro da cavidade do corpo de um paciente durante uma operação. Estima-se incidência 1: 1.000 a 10.000 operações, sendo o sítio abdominal o mais comum. O objetivo é de relatar o caso de uma paciente jovem portadora de massa torácica cuja suspeita inicial era de neoplasia pulmonar ou mediastinal. Relato de caso: Feminina, 40 anos, com histórico de febre reumática e acometimento cardíaco aos nove anos, submetida à três trocas valvares, sendo a última há dois anos com evolução para empiema e necessidade de decorticação pleural. Relata que há oito meses iniciou tosse seca e dispneia progressiva, atualmente aos mínimos esforços, que piora em decúbito zero, sem fator de melhora. Há três meses relato de hemoptise, principalmente após tosse, associada à perda ponderal de seis quilos e episódios de febre esporádicos. Foi transferida de serviço externo para investigação de dispneia com diagnóstico de insuficiência cardíaca descompensada. Ao exame físico, apresentava crepitações finas em base esquerda e sopro em foco aórtico e aórtico acessório 3+/6+, click metálico mitral e aórtico, edemas de membros inferiores bilateralmente 3+/4+. No ecocardiograma observou-se fração de ejeção de 35%, hipocontratilidade difusa, câmaras cardíacas direitas aumentadas em grau importante com contratilidade do ventrículo direito diminuída em grau importante e septo ventricular retificado com movimentação paradoxal, já na tomografia de tórax havia massa mediastinal adjacente à parede lateral do ventrículo esquerdo com compressão extrínseca do mesmo e redução da luz ventricular, após duas biópsias transtorácicas e uma por radiointervenção inconclusivas, foi optado por toracotomia exploradora à esquerda, para realização de biópsia incisional e o histopatológico de congelação no intraoperatório afastou malignidade. A exploração da lesão demonstrou grande quantidade encapsulada de coágulos e fibrina. Posteriormente foi confirmado no exame anatomopatológico presença de reação gigantocelular frequente do tipo corpo estranho. No pós-operatório, paciente apresentou choque cardiogênico e necessidade de droga vasoativas em doses altas, evoluindo para óbito. Discussão: Gossypiboma deve ser incluído entre os diagnósticos diferenciais de massa torácica em pacientes submetidos a procedimento cirúrgico prévio no tórax. Em cerca de 50% das vezes seu diagnóstico ocorre antes da alta hospitalar, mas há casos descritos até 40 anos depois de uma operação. O tempo para início dos sintomas é variável e a retirada do corpo estranho está indicada em pacientes sintomáticos.

Área

Cirurgia Torácica

Instituições

UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

LARA MARIA VAGO, LUDMILA SILVA ATHAYDE, FERNANDA PAZ DE OLIVEIRA, JOANA MARIA BEZERRA DE LIRA, MARIAN LAMANA KANSO, RUBENS RIBEIRO DA SILVA JUNIOR, RODRIGO SANTOS PEREIRA, PAULA ALMEIDA FARIA, MARIANA LAFETA LIMA, SONIA FARESIN