Dados do Trabalho


Título

RESPOSTA BRONCOCONSTRICTORA PARADOXAL A BRONCODILATADOR BETA-2 AGONISTA: RELATO DE CASOS

Descrição do caso

Justificativa da relevância do caso relatado: A resposta paradoxal
broncoconstrictora (RPB) após a administração de broncodilatadores é um
fenômeno intrigante e clinicamente complexo. Usualmente, beta-2 agonistas
inalatórios promovem um potencial aumento dos fluxos e volumes respiratórios
em indivíduos portadores de doenças pulmonares obstrutivas apresentando
broncoconstricção reversível ou parcialmente reversível. A RPB é um fenômeno
raro com broncodilatadores beta-2 agonistas, sendo mais frequente com
anticolinérgicos não seletivos. Relatamos dois casos de RPB durante a
realização de espirometria.
Relato dos casos: A paciente 1, sexo feminino, 62 anos, ex-tabagista, abstêmia
há 30 anos, história prévia de COVID-19, foi encaminhada ao laboratório de

função pulmonar para investigação de dispneia. A espirometria pré-
broncodilatador apresentou volumes e fluxos dentro dos limites da normalidade.

Após administração de broncodilatador, notou-se redução proporcional de VEF1
(16%, 300ml) e CVF (16%, 430ml), com aumento do volume residual e
capacidade pulmonar total sem variação significativa. A paciente 2, sexo
feminino, 78 anos, não tabagista, história prévia de COVID-19, portadora de

asma em uso de formoterol e budesonida, também apresentou espirometria pré-
broncodilatador com volumes e fluxos dentro dos limites da normalidade. Após

administração de broncodiltador, apresentou redução proporcional de VEF1
(19%, 480ml) e CVF (17%, 540ml), porém sem sintomas clínicos associados.
Em ambos os casos utilizamos salbutamol 400mcg na prova broncodilatadora.
Convém relatar que as avaliações funcionais relatadas atingiram critérios de
aceitabilidade e reprodutibilidade nas três manobras antes e depois da prova
broncodilatadora.
Discussão: A etiologia da RPB a broncodilatadores permanece ainda não
totalmente compreendida. Uma combinação de fatores pode desencadear esse
fenômeno aparentemente contraditório, destacam-se a hiperresponsividade das
vias aéreas a propelente gasoso utilizado no dispositivo inalatório, processo
inflamatório na via área, disfunções do sistema nervoso autônomo ou até mesmo
influências genéticas. Além disso, a presença de remodelação das vias aéreas
e a heterogeneidade da resposta das células musculares lisas podem contribuir
para a broncoconstrição paradoxal. Compreender essa etiologia requer uma
análise integrada dos sistemas respiratórios, imunológicos e neurológicos,
buscando estratégias terapêuticas individualizadas nestes casos.
Suporte financeiro: Este relato não obteve suporte financeiro nem possui
conflitos de interesses.

Área

Função Pulmonar

Instituições

HOSPITAL CARDIO PULMONAR - Bahia - Brasil, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - Bahia - Brasil

Autores

LARISSA REGO VOSS, FERNANDO GASSMANN FIGUEIREDO, BRUNA GASSMANN FIGUEIREDO PIRES, FERNANDA PROHMANN VILLAS BOAS, CAIO CEZAR FERREIRA FRAGA, PEDRO HENRIQUE SANTANA ALMEIDA, EDVAL GOMES DOS SANTOS JUNIOR, MARCEL LIMA ALBUQUERQUE, RICARDO GASSMANN FIGUEIREDO