Dados do Trabalho
Título
EDEMA PULMONAR DE REEXPANSAO - RELATO DE CASO
Descrição do caso
O edema pulmonar de reexpansão (EPR) é uma complicação rara da drenagem torácica, com incidência de 1-14%, e está relacionada com a velocidade e volume da evacuação pleural. A evolução em geral é autolimitada, porém pode progredir rapidamente para insuficiência respiratória, sendo relatada taxa de mortalidade próxima a 20%. Destaca-se a importância do diagnóstico e tratamento do EPR, além de cautela ao drenar pneumotórax e derrame pleural volumosos ou colapso pulmonar prolongado.
Feminino, 37anos, tabagista (22m/a). Queixa de dispneia aos moderados esforços e dor torácica após movimento súbito ao levantar-se há 01 semana, em serviço externo apresentava ao exame físico: redução dos sons pulmonares, frêmito tóraco-vocal e expansibilidade pulmonar, com hipertimpanismo à direita. Em radiografia de tórax: pneumotórax extenso, sem desvio de estruturas. Nega trauma, tosse incoercível ou fatores de aumento de pressão intratorácica. Realizado drenagem torácica com dreno pigtail com expansibilidade pulmonar após drenagem. Apresentou melhora da dispneia temporariamente, porém com retorno do sintoma após 4 horas da drenagem. Optado por realizar tomografia de tórax: presença de dreno pleural em hemitórax direito, vidro fosco difuso com espessamento de septos interlobulares e lobulares à direita e padrão em mosaico. Achados compatíveis com alteração da relação V/Q, sugestivo de congestão pulmonar por edema de reperfusão após expansão pulmonar abrupta. Realizado tratamento conservador, com melhora clínica, sendo encaminhada para ambulatório de pneumologia para investigação de etiologia do pneumotórax e cessação do tabagismo.
Entende-se que o colapso pulmonar prolongado (> 72 horas) leva à hipoxemia nos pulmões, danos à parede capilar e produção reduzida de surfactante. A rápida abertura dos alvéolos causa fluxo sanguíneo súbito, resultando em aumento da permeabilidade capilar e da pressão hidrostática, levando ao acúmulo de líquido nos alvéolos e no interstício, desenvolvendo edema. Na tomografia de tórax manifesta-se por achados não específicos de EPR como padrão de vidro fosco, espessamento do septo interlobular, consolidação e áreas de atelectasia. Pacientes jovens (<40 anos), com pneumotórax maiores que 30%, drenagem superiores à 1,2L ou atelectasia prolongada são mais propensos a desenvolver EPR. A apresentação clínica é caracterizada por um rápido início de dispneia, tosse persistente, e taquipneia, comumente dentro de 1-2 horas após a drenagem torácica. Outros sinais são diminuição da saturação de oxigênio, taquipneia, taquicardia, escarro rosado e instabilidade hemodinâmica. Em sua maioria, os pacientes apresentam boa resposta ao tratamento de suporte com oxigênio e ventilação não invasiva, mas casos mais críticos podem necessitar de intubação endotraqueal e suporte hemodinâmico. Vale ressaltar as medidas preventivas de EPR, como controle da rapidez da reexpansão, retirada de volumes inferiores a 1,5L em 1h e evitar pressões elevadas de sucção.
Área
Outros
Instituições
Centro Universitário São Camilo - São Paulo - Brasil, Hospital Geral de Carapicuíba - São Paulo - Brasil
Autores
RODRIGO BRASILEIRO SOUZA, JAYNE LUCIVANIA SANTANA NERI, ANA CAROLINA LIMA RESENDE, ANA BEATRIZ LIMA RESENDE, JULIA VITORIA NUNES AQUINO, GIOVANNA GONÇALVES PITANGA, MARIA LUIZA GALORO, JUSSARA RAMOS RIBEIRO, MARIANA LAFETÁ LIMA, ANDRÉ LUÍS SIMÕES BRAGA, EVELISE LIMA