Dados do Trabalho

Título

PERFIL DOS PULMOES DISPONIBILIZADOS PARA TRANSPLANTE EM SAO PAULO: ESTAMOS EVOLUINDO?

Introdução

A taxa de aproveitamento de pulmões é uma das mais baixas nos doadores de múltiplos órgãos . De acordo com o dimensionamento dos Transplantes no Brasil, realizado pela ABTO, a taxa por milhão de população (pmp) de transplantes de pulmão realizados de 2021 e 2022 foi de 0,4 e 0,5 respectivamente, um número baixo em comparação a outros órgãos transplantados. Além disso, ainda há um desequilíbrio importante entre o número estimado de transplantes necessitados e o daqueles realmente realizados.

Objetivos

O objetivo do trabalho é avaliar o perfil dos doadores de pulmões notificados identificando taxa de aproveitamento dos transplantes, percentual de avaliação in loco, taxas de recusa e seus motivos e necessidade de exames adicionais, comparando-os com as informações do Sistema da Central Estadual de Transplantes de São Paulo (CET-SES/SP).

Métodos

Estudo retrospectivo com inclusão das notificações (oferta ou consulta de interesse) de doadores de pulmões enviadas para centro único de julho 2021 a junho 2022. Excluídas notificações de transplante duplo coração-pulmão.

Resultados

Foram 586 notificações de doadores incluídas. Dessas, 89,4% foram recusados e 10,6% foram aceitas para avaliação in loco (4,1% por outras equipes e 6,5% pela nossa equipe). De 38 doadores avaliados, 25 foram efetivados para transplante pela nossa equipe (4,2%). O motivo para recusa foi: 73,3% gasometria alterada; 52,1% imagem alterada; 16,6% infecção. Solicitada gasometria adicional em 23,7% dos doadores; radiografia de tórax em 9% e tomografia em 10,4%. A P/F (pO2/FiO2) média foi de 226,4. No mesmo período, segundo a CET-SES/SP, foram 2164 pulmões ofertados ou 1082 doadores e taxa de efetivação de 5,5%.

Conclusões

Considerando utilização de 19,2% nos Estados Unidos, a do Estado São Paulo ainda se mantém baixa (5,5%). Para tentativa de aumento do aproveitamento dos pulmões, solicitamos exames adicionais além dos dados da notificação. Porém, os motivos de recusa ainda permanecem, baixa razão PaO2/FiO2, alteração radiológica e infecções, denotando cuidado inadequado aos doadores. Preocupante é o fato desta taxa de utilização não ter melhorado com os anos, mantendo estabilidade desde 2005, apesar do aumento do número de doadores notificados. Portanto, é fundamental a melhoria dos cuidados ao potencial doador, especialmente de pulmão, para aumento real do número de pacientes beneficiados pelos transplantes.